Eglaf
março 03, 2018
Há uns meses escrevi uma publicação, que nunca foi publicada, mas que volta e meia vêm-me à memória porque há uns meses para cá que me sinto perdida. Aquele tipo de perdida que nos faz voltar a atravessar todas as ruas pelas quais já passámos, com a idiota esperança de nos encontrarmos por lá. Que nos esvazia por dentro, nos rouba as forças, distorce os sonhos, que nos tira da trilha e cega-nos o foco. Aquele tipo de perdida que nos faz chorar à noite para adormecer. Sabem?
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Eu perdi-me, confesso. Se calhar no tempo, se calhar no espaço ou... Quem sabe em ambos. A única verdade é que dou por mim, vazia de mim - se é que isso é possível - e habituei-me a viver sem mim - mais uma vez, se é que possível. Com o tempo decidi ajeitar aqui, remendar ali e sorrir - porque sorrir fica sempre bem, não é? Sem pensar que, talvez - e só mesmo talvez -, eu me perca um bocadinho mais a cada sorriso que dou. A cada remendo ou ajuste que faço - não sei.
E há uns meses eu escrevi isto:
(...) Naquela altura eu simplesmente escrevia, com alma. (...) porque após tantos anos e tantos textos comecei-me a sentir nua. Não literalmente nua, mas sim despida, desprotegida. Como se eu mesma tivesse arrancado a minha própria pele e tivesse a andar por ai, com tudo aquilo que realmente sou, à mostra.
Hoje decidi despir-me. Arrancar a pele e deixar a alma nua... À mostra... Sem medos. Porque hoje percebo o porquê de despir-me assim. Hoje voltei a entender que é na arte de despir a alma - que é como quem diz escrever - que vou encontrando, aos poucos, um ou outro pedaço de mim.
5 comentários
A escrita tem mesmo este poder de nos fazer encontrar. Pode, por um lado, deixar-nos vulneráveis, de alma despedida, mas, por outro, é nesse momento que percebemos exatamente onde chegamos
ResponderEliminarAdorei ler o teu post <3
ResponderEliminarAcho que muitas vezes também tenho tendência a perder-me e sei bem a força que é preciso para nos voltarmos a reencontrar.
Desejo-te tudo de bom!
MESSY GAZING
É normal te sentires perdida... Todos passamos por isso, até ao dia em que nos encontramos e percebermos que todo aquele processo era necessário, toda aquela ausência de nós nos faz chegar até nós, por mais irónico, por mais ridículo ou absurdo que pareça. O mundo é absurdo, todos nós somos, resta encontrar a melhor forma de nos enquadrarmos nele, de nos enquadrarmos em nós próprios. A melhor forma de nos encontrarmos é mesmo nos perdermos.
ResponderEliminarUm beijinho :)
a escrita é algo que a mim também me faz tão bem , é aquele momento que ficamos com a alma como dizes nua , onde no final nos sentimos tão bem .
ResponderEliminar♡ O Olhar da Marina
Posso dizer-te que te entendo. Saí da blogosfera um pouco por isso e regressei precisamente por sentir falta disso. irónico não achas? :)
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